Em um movimento que surpreendeu aliados e adversários, o presidente Lula da Silva (PT) adotou, nesta terça-feira (4), um tom mais crítico em relação à operação policial contra o Comando Vermelho, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A mudança de postura ocorre dias após o Palácio do Planalto receber uma pesquisa interna da Secretaria de Comunicação (Secom) indicando amplo apoio da população à ação.
Durante discurso em Belém, Lula afirmou que a operação, que resultou em dezenas de mortes, foi além do que determinava a Justiça:
“A decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, disse o presidente. “Até agora nós temos uma versão contada pela polícia, contada pelo governo do estado, e tem gente que quer saber se tudo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação”, completou.
A fala representa uma inflexão significativa em relação à posição adotada por Lula na semana passada, quando o presidente evitou críticas mais duras ao governador Cláudio Castro (PL) e preferiu se manter distante da polêmica sobre o uso da força policial.
Segundo dados do levantamento encomendado pela Secom — com 2.803 entrevistas realizadas entre sexta e domingo —, 72% dos brasileiros aprovaram a operação no Rio, percentual que chega a 73% entre os cariocas. A percepção geral é que a ação “foi necessária, mas violenta”, para 18%, e “necessária e positiva” para 46%.
O estudo também mostrou que 49% da população consideram o número de mortes um reflexo do combate ao crime, enquanto 43% o veem como “um exagero” decorrente de falta de planejamento. Apesar do apoio à operação, a pesquisa revela desconfiança quanto à atuação federal: apenas 21% avaliaram como positiva a postura de Lula e 27% aprovaram o desempenho do governo federal diante do caso.
Os dados ajudam a explicar a surpresa provocada pelo novo discurso do presidente. Em um cenário em que a opinião pública valoriza o enfrentamento à criminalidade, a crítica de Lula à polícia fluminense parece caminhar na contramão do sentimento majoritário da população.
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